domingo, 22 de março de 2009

Capítulo 24 - Trapalhadas em Torino (3-4)



Valendoooooooo!!!


Hoje aqui em Glasgow a temperatura chegou a 12ºC. Foi um negócio tão bom pra eles que no gramado atrás do meu prádio eu consegui contar 12 grupos (de umas 5 pessoas cada) fazendo churrasco e/ou jogando bola/rugby.
Agora, como é que a pessoa faz churrasco a 12ºC?? kekekekekeke.



Antes que o povo me chingue, eu vou logo continuar a estória do post passado. Lá vaaaai!!!



Dia 22-10 -> Multo Muto !!! Eco!! (Cont.)


E lá estava eu, no caminho do marginal, no ápice de sua velocidade quando, um segundo cara de preto passou tirando tinta da minha camisa, e indo em direção ao primeiro cara. Este outro cara segurou o primeiro da mesma forma que aqueles caras, nas olimpiadas matutas, seguram o porco no lamaçal, ou seja, do jeito que dava. Eu saí do meio daquela confusão e olhei pra trás pra ver de onde o outro cara tinha saído. E o que eu vi?? Hein hein hein??? Um outro grupo de preto.

“Prooonto, agora eu vou estar no meio de uma briga entre gangues italianas, era só o que me faltava”.



Tinha um outro cara no segundo grupo que também estava sendo segurado pelos amigos.
Enquanto eram segurados, os dois discutiam muito, nada mais italiano que isso né?

“Eiii, mas peraí.... tem alguma coisa errada....'


Os dois soltando as maiores grosserias com o outro mas não se escutava nada... Han???


PUUUUUTZ, daí foi que eu percebi que todo mundo ali era mudo!!!! awlukehaklwuehakwuh

Caraaaaaaaaaamba, eu nuuuuunca ia pensar que veria isso na minha vida. Discussão de punks italianos MUDOS.

E o pior de tudo é que, mesmo sem som, os caras sabem como chingar viu? Caraaamba, cada gesto que botava medo em qualquer um, e eu to falando sério kekekekeke.


Rapidamente os dois grupos saíram e eu pude esperar o FEDE em paz.


Será que eles ensinam uns chingamentos nas escolas pra mudo?? Será que os chingamentos tb são símbolos universais? Quem souber a resposta, por favor, manda aí pelos comentários.



Dia 21-10 -> Paixão Mundial.


Falar em paixão na Itália é redundância. O povo é naturalmente conhecido por isso (e também pela extrema falta de organização e barulho kekekeke), mas dessa vez, um deles me surpreendeu. No dia 21, depois do triste episódio da pizza, nós fomos conhecer outros pontos da cidade, incluindo às galerias próximas ao rio Po (não confundir com as galerias dessa estória aí de cima). Estamos andando por essas galerias (eu, o Fede e a Elena) e por todo o percurso existem pequenas vitrines encostadas nos pilares opostos às lojas.

Mesmo andando sem prestar muita atenção nas vitrines, uma delas me chamou bastante atenção.


Um símbolo do Grêmio?? Aqui?? O que danado será isso?


a) Algum gremista perdeu no poker para o dono da loja e pagou em coisas de seu time.

b) O dono da loja comprou coisas do Campinense e do Grêmio pra vender e só as do gremio ainda n acharam comprador.

c) Era apenas um símbolo de um time bem parecido com o do Grêmio.

d) Haaaaaa!! Socooorro, um símbolo do Grêêêêêêmio!!!


Eu mostrei pro Fede (que por sinal, nao entende naaaada de futebol. Eu acho que se ele for pro estádio é capaz dele perguntar quem é a bola) e ele não esboçou lá muita comoção pelo símbolo =(. Mas obviamente eu fiquei encucado...


No outro dia, estávamos andando por outra parte da cidade e quando escureceu, fomos pegar o ônibus pra ir pra casa. Saímos da avenida principal e começamos a andar na ruas menores, onde não havia quase nenhum movimento. E foi passando por uma dessas ruas que eu vi de novo!!! “Ma Eeeeco!!” De novo uma vitrine com o simbolo de Grêmio!!! Mas dessa vez era uma vitrine de verdade.

“Eita poooo, é a loja que tem os símbolos do Grêmio! Ha não, eu tenho que saber porque danado o cara vende isso.”


Entrei na loja como se procurasse alguma pista do motivo, mas não avistei nada de prima. A loja vendia uns cacarecos normais lá, então o jeito foi falar com o dono mesmo.

-Oi, tudo bem? Eu tava andando e ...
-Perdona?
“Ai ai aaaai, nenhum italiano fala ingles... ¬¬


(Dessa vez com a ajuda do Fede...)

-Opa, eu tava andando pela praça e vi esse símbolo do Grêmio. Fiquei bem curioso e, por coincidência, achei a loja do senhor agora. Daí resolvi perguntar POR QUEEEEE?.

-(ligar sutaque italiano) Haaa, o Grêmio é a minha vida!!! Tudo que eu faço da minha loja tem que ter alguma coisa do Grêmio no meio. E os símbolos que você viu não estao pra vender não, são só pra embelezar as vitrines.

-kekekekeke, mas por que o Grêmio?? Acho que o senhor é o primeiro estrangeiro que eu vejo que torce por um time brasileiro.

-Num sei, mas o Grêmio tem torcedor no mundo todo. O Grêmio é um time MUNDIAL!!! Não são só brasileiros não!!


kekekekekeke, esse cara era uma onda. Ele se empolgou tanto quando eu comecei a falar do time dele que ele deixou uma mulher lá atendendo os clientes e foi me mostrar as coisas que ele tinha. Me mostrou camisas, bichinhos, mascotes, tênis, posters e até a conta do orkut, onde tem fotos da casa dele com tudo do Grêmio kekekekeke. Tiramos essa foto aí embaixo




e saímos pra esperar o ônibus. Daqui a 2 minutos lá vem ele de novo (bem que eu disse que o sujeito se empolgou ao falar de futebol).


Mais conversa vai, mais conversa vem, e ele disse que vai ao Brasil todo ano passar 6 meses e que até fala um pouco de português (beeeeeeem pouco por sinal).


-Haaaa, então agora eu já sei pelo menos como você descobriu o Grêmio, vc mora em Porto Alegre quando vai pra lá, acertei?

-Não, eu fico em Fortaleza.

-Ham?? Ha, deve ser por causa das praias né? Mas você deve viver indo pra POA né?

-Nâo, na verdade eu nunca fui lá.

- :O:O. Mas... mas... e vc viu jogos do Grêmio aonde?

-Nâo, nunca vi nenhum jogo do Grêmio no estádio, só pela tv. O gremio é universal, eu não preciso ir ao estádio pra ser gremista. O Grêmio está em todo lugar.


akwuehakuwhekauwhe. Eu não sou gremista não mas adorei essa estória.




To be continued...


No Próximo post eu vou contar mais duas histórias sobre o resto dessa noite e termino a parte de Torino.




Ciao!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Capítulo 23 - Trapalhadas em Torino (2-4)

Saudações!!

Opa, o winamp (no randômico) acabou de botar Hallowed Be Thy Name pra tocar, isso é um bom sinal :).

E vamos logo que eu num vejo a hora terminar as histórias desse mochilão kekekeke (pelas minhas contas eu vou precisar de no mínimo mais 16 posts pra terminar... não sei se vocês vão aguentar não).

Eventualmente hoje eu estou com muita preguiça (ahaaaam, só hoje kekekeke), então o post vai ser curto, por outro lado, eu vou mostrar mais um videozinho tosco. (Acho que a série-Torino não vai acabar no próximo capítulo não... ha, mas o blog é meu mesmo, pouco importa quando vai acabar kekekeke).



(Viagem antiga - Novembro de 2008)


Dia 22-10 -> Multo Muto !!! Eco!!

A melhor coisa de quando se está no clima do mochilão é que quando se passa por coisas estranhas/aborrecedoras, você instantaneamente pensa em quão boa estória aquilo vai se tornar e nem liga mais. Capaz até de gostar que coisas estranhas aconteçam. E esta próxima segue piamente isso. Aconteceu no dia 22 (a noite) e eu não podia deixar de contar aqui. =)


O telefone toca bastante alto na casa do Fede, ele fala algum palavrão, apaga o cigarro (eu já disse aqui que ele fuma pra cacete?? Fuma o tempo todo, até comendo) com uma má vontade estampada na testa e atende frustrado. Era Elena ( ahá, a 3a italiana gente fina que faltava), a namorada do Fede. Eu já tinha conhecido ela no dia 21 a noite, gente fina d+++. Ela tinha marcado de ir pro cinema com o Fede e ele esqueceu kekekekekeke. Hilário!!!

Detalhes a parte, eu combinei com ele de ir pra praça que a gente tinha se encontrado no dia que eu cheguei, pra ficar andando e conhecer a vida noturna de lá (o lugar é bem massinha, tem um monte de pubs, lanchonetes, etc). E assim aconteceu. Cada um pro seu lado, estávamos eu, minha máquina fotográfica e meu inseparável mapa sozinhos aquela noite.
Depois de andar bastante pelo bairro, tirado várias fotos, decidi voltar pra praça onde eu tinha marcado com o Fede de nos encontrarmos à meia-noite pra ir pra casa. Mas como a gente tava na Itália, a noite não poderia ser tão calma e tranquila.

Abrindo um parêntese rápido, o povo da itália briga d++++++++++++++. Por qualquer coisa você leva um "Va fan culo!". Eles usam isso ao invés das balinhas 7 belo quando falta troco.

Retornando:
Vinha eu, solitário, cansado e feliz da vida, cantarolando alguma música italiana preguenta quando aconteceu um dos fatos mais surpreendentes da viagem.
Tomei o corredor externo da galeria que circunda a praça pra não tomar sereno (mentira kekekekek, mas é que fazia tempo que eu não ouvia/dizia essa palavra) e avistei de longe um grupo de pessoas (uns 8) de preto e cheio de correntes. Já dá pra imaginar o que eu pensei né?
Não obstante, dois dele começaram a correr na minha direção. Correndo mesmo, na velocidade máxima.

Quando ele tava a uns 20 metros de mim eu percebi que...


To be continued...

Ciao!!

domingo, 8 de março de 2009

Capítulo 22 - Trapalhadas em Torino (1-4)

Ciao a Tutti!!!


Pensamento do dia:

"Você sabe que já passou da hora de lavar roupa quando a única peça limpa que lhe resta no guarda-roupa é a sunga de banho."

Isso já aconteceu várias vezes... com um amigo meu. :P


Antes de começar a contar as besteiras de sempre, deixo aqui um parabéns gigantesco para todos os tartarugas elétricas (johans, soneca, dudúbio, puxina, luz clarita, pac-man, arthur, e thierry) que se formaram ou estão pra se formar esse ano. Vocês são foooooooooooooooooooodas! Só sabe o quanto é foda se formar em elétrica quem passa pelo que a gente passou dia após dia! =D


Ok, vamos ao besteirol. E como prometido, com os temas soltos.



Dia 21-10 -> HUUUUMMM!!!

Responda depressa!! Qual a primeira coisa que você pensa em fazer quando chega a qualquer parte da itália??

a) Aprender a soltão pião
b) Entrar na escola de artes marciais Matterazi
c) Comprar um caiaque verde-musgo-queimado
d) Comer da tão famosa pizza italiana

Pois é, logo que amanheceu o dia eu combinei com o Fede pra gente comer uma verdadeira pizza Italiana (já que eu sempre ouvi dizer que as de lá são um pouco diferente das nossas), não importava o lugar ou como fosse feita. Trato feito. Horas depois de passear pelas ruas e parques de Torino, a fome apertou de surpresa e a hora da pizza chegou, recebida pelo roncar dos nossos estômagos.
Estávamos a poucos minutos do centro, e pareceu ser um ótimo ponto de partida pra procurar o restaurante per noi mangiare.

Andamos pela rua principal (bem longa por sinal) e nada de restaurante que vendesse pizza. "Vai ver eles colocaram um rua especial só pra restaurantes de culinária local". Continuamos na busca, outra rua e nada. "Estranho". A próxima, idem. E assim foi na outra, e na outra, naquele outra também e... (tá, vocês já entenderam).

- Putz, não tem nenhum restaurante vendendo pizza aqui em Torino Fede?
- Pô, eu nunca comi pizza por essas bandas...
"Sem comentários".

(andando pelas ruas do centro de Torino em busca da pizza)

Até que a gente avistou, passando por uma das vielas encrustradas no centro, uma lanchonetezinha de vender kebab.

- Ha, ali deve ter sua pizza!!
- Num kebab??
- É. O restaurante não é italiano mas a pizza é igual a que eu como nos outros lugares.
- Ha, então vamos. "...uma verdadeira pizza Italiana, não importava o lugar ou como fosse feita".

Entramos no kebab e o Fede já foi mostrando o cardápio na parede. As opções obviamente estavam todas em italiano. Eu achei que fosse achar algum sabor de nome familiar mas não dei tanta sorte. Na segunda passada de olho consegui decifrar um favor que eu adoro, Sicilliana.

Pra quem não sabe, pizza é minha segunda comida preferida (empatada com strogonoff). Se a boca enxia de água normalmente, agora então, depois de tanto tempo sem comer um pizza com queijo se derretendo por cima não poderia ser diferente. Não foi um simples desejo daqueles que as grávidas sismam em ter em horas inoportunas, foi muito maior que isso. Parecia ser questão de honra, de sobrevivência. Era o meu destino comer uma pizza de todo jeito!!!



Pedido feito. Eu não conguia nem mais conversar com o Fede de tanta fome. Depois que eu lembrei da sicilliana da sapore, minha boca encheu de água, entrou no regime de enchente mesmo. Calamidade. "E essa pizza que num vem?"

Daqui a pouco, o cara vem com uma pizza. Nossos olhos segindo cada movimento da bandeja trazida pelo garçon. Felicidade indo de 10 a 100 a uma velocidade de deixar qualquer F1 espumando de inveja. O garçon só de sacanagem parece andar bem devagar e olhando pras outras mesas nessa hora, já reparou?. "Pelo amor de deus, só não deixe essa pizza cair no chão" (eu sempre penso essas coisas e morro de rir sozinho).
Pizza entregue e........ a pizza era do Fede ¬¬. Todo esse malabarismo com a bandeja, troca de olhares com outros cliente e sorrisos famintos jogados fora. Ha não, mas eu ainda quero a minha.
Daqui a 5 minutos, lá vem o garçon (que parecia uma mistura de Vinícius de Oliveira com o Donizete - não, ele não é cotó) com outra pizza. "Tem que ser a miiiinha! Tem que seeeer!!".
Pizza jogada sobre a mesa e ..."Han???"

- Ô garçon, acho que você errou a minha pizza. (na verdade, eu disse e o Fede traduziu)
- O senhor num pediu uma sicilliana não?
- Pedi... essa é a sicilliana??
- É sim. É que o champignons tão em falta.
- Ha... tá bom então. Mas eu achei que levasse bacon também.
- E leva, mas também tá em falta, assim como a salsa.
- :O. Nem a calabresa tinha mais?
- Também não é assim né? Tá achando que o restaurante é esculhambado? A calabresa tinha, mas é que o freezer tá com problema, congelou de um jeito tão forte a calabresa que ninguém conseguiu despregá-la da parede do freezer ainda, e olha que a gente passou o dia tentando.

¬¬²²²²²²

(Você só pode estar de brincadeira comigo né? Pizza de azeitona com alho?? ¬¬)

E foi assim que o meu sonho em comer uma pizza verdadeiramente italiana foi por água abaixo...

Agora vocês podem entender meu último comentário na foto da pizza que eu postei no orkut.



Dia 21-10 -> VRRRUUUUMMM!!!

Essa aconteceu logo após sair da bendita lanchonete. Atravessando as ruas estreitas de calçamento do centro pudemos ouvir. O rosnar ([ʀuʒ'nar] emitir um ruído surdo e ameaçador) da fera. Um barulho que eu nunca tinha ouvido antes. Muito maior. Muito mais forte.
De repente, a multidão corre pras calçadas e puxam suas armas, máquinas ultra-modernas, e disparam sem pena, como numa tentativa de espantar a fera. A vinha aí. Uma pantera negra lindíssima. Sua velocidade era de quem estava prestes a dar o bote, mas seu ruído não faria de certo nenhuma presa ser pega de surpresa. E nem devia, certamente fora feita pela natureza pra chamar atenção mesmo, e fez isso com tremendo charme.
Passou e deixou todos paralisados com sua beleza. Quando nos demos conta, não havia mas nem sinal da fera. Foi-se antes que eu pudesse fotografá-la, como se não se importasse com seus 15 minutos de fama eternos.



(ver e ouvir uma Ferrari de perto não tem preço - e foi assim que me apaixonei pela Ferrari preta)



To be continued...

Pronto... post novo agora só quando minha irmã reclamar de novo....



Ciao

terça-feira, 3 de março de 2009

Capítulo 21 - Surfing

Bem amiiiiiiigos da rede globo, falamos aqui diretamente de glasgow onde daqui a pouco... (acreditem em mim, dá saudades de escutar isso)


Primeiro de tudo, eu devo dizer que fiquei bastante agraciado pelo número de comentários do último post. Não que tenha sido um recorde, mas foi muito mais do que eu esperava, principalmente para um post que não recebeu nenhum marketing. Parece até que vocês tão gostando da estória do mochilão ;P.

Sábado eu fui à Edinburgo pra assistir uma partida de rugby valendo pelo campeonato das Seis Nações (Escócia x Itália). Foi bem melhor que eu imaginava, mas o jogo não é tão entusiasmante quanto futebol (vai ver porque eu não entendi lá muita coisa). Mesmo assim, valeu bastante a pena conhecer.

E sabe quem me ligou nessa última quarta que passou? quem? quem? quem?? Ele meeeesmo, a lenda viva, (ligar sutaque italino no modo Cid Moreira) Matteo Ferretti (desligar sutaque). Jájá ele aparece na história de hoje.

Haa, e antes que eu me esqueça, eu sei que Torino é em italiano, o que eu quis dizer é que eu vou citar as cidades pela forma que eu usei na viagem.

Vamos continuar então com a saga deste mochileiro solitário que vos escreve...



Dia 20-10 -> E você dorme aqui.


"Celular abençoaaaado!!! Ainda bem que eu botei bastante crédito nele antes de começar a viagem". O coitado do meu celular é beeeem simples, um primo bem distante dos celulares de hoje em dia, mas ajudou bastante na viagem, principalmente nesse primeiro dia. Isso porque o Fede (meu host do CouchSurfing) me mandou várias mensagens durante o dia, inclusive uma dizendo que não poderia mais me buscar no aeroporto nem na estação de trem "perto" da casa dele ¬¬. "Meu deeeus, o que me falta acontecer ainda nesse dia??" (ainda bem que eu só pensei, dá um azar desgraçado falar isso).

Enquanto as coisas do post passado aconteciam, eu mantinha contato com o Fede via mensagens pra saber como chegar no local de encontro (combinado pra ser no meio da cidade - numa praça rodeada por galerias bem legais).

Enquanto isso, eu peguei o mesmo trem do famoso Matteo Ferretti. Essa viagem de trem foi bem intimidante porque todo mundo do trem olhava pra gente, com feições muito assustadas, como se não fosse normal ver gente falando inglês (depois eu descobri o porquê). A gente sentou numa poltrona que ficava de frente pra outra, onde estavam sentados um senhor (com aparência de apreciador de vinho - não me pergunte como eu cheguei a essa conclusão) e uma mulher de seus 30 e poucos anos. Na hora que eu sentei na poltrona pra descansar um pouco do fardo que é carregar a bendita mochila, o senhor olha pra mim e solta um "bucado" de palavras obscuras, um emaranhado sonoro tão estranho, tão ligado que pra mim aparentou ser uma palavra só, 30... 27 segundos direto sem precisar recuperar o fôlego. Impressionante.
Eu já tava levando as coisas tão na maciota que só fiz sorrir. Mas as coisas não dariam errado dessa vez, não dessa vez, pois agora eu estava com o São Matteo, o protetor dos mochileiros azarados (eu acho que ele é da mesma liga da justiça que o Super Blue - ha, você não se lembra do SB? Então clique aqui). Ele traduziu o que o senhor me disse:
- Ele disse que você pode colocar a mochila ali no bagageiro.
"Nossa, e eu fazendo mal juízo do bondoso italiano ó". Cá pra nós, eu já tinha tido razões suficientes pra estar escaldado naquele dia né? A propósito, o senhor era muito gente boa, tentou conversar comigo mesmo vendo que eu não entendia nada kekekeke. Taí, ele foi um dos únicos italianos gente finas que eu conheci (fazendo um cálculo rápido, acho que foram 3 ao todo, ele, Matteo e Elena - quem é ela?? Ninguém por enquanto ;P).

(clique para ampliar)
(os italianos não são unânimes quanto ao potencial turístico de Torino, mas até que a cidade é bonita né?)
(campina também devia ter alpes suíços ao fundo)

Conversando despretenciosamente com o Matteo dentro do trem, o que eu descubro?? Hein? Hein?? Hein??? Vocês num acreditam!!! (Déjà vu agora...)

Pra começo de estória, ele já me deixou muito mais tranquilo (entretanto com um pé atrás) quando disse que estava indo para a mesma estação que eu deveria descer, e que depois iria pegar o mesmo ônibus que eu. "Lá vem... vou ter que fugir de mais um maluco..." kekekekek, na verdade não foi bem assim não kekeke, ele disse primeiro onde ele tava indo e só depois eu disse que estavamos indo coincidentemente indo na mesma direção. Isso facilitou muuuuuuito a minha vida - imagine o que é chegar num país desconhecido, sem falar a língua, onde ninguém fala nem inglês, já de noite e ainda ter que pegar um trem e um ônibus tendo que acertar de prima, correndo o risco do host não ter paciência de te esperar e ir pra casa comer macarrão - e com o meu inseparável encosto de 1 tonelada).

Isso já teria sido coincidência suficiente pra fazê-lo presente nos altos da viagem, mas quando eu já estava me recuperando do primeiro golpe, ele desferiu (coisa de jornalista da caturité) o golpe especial dele e me nocautiou de vez. Vocês acreditam que ele tinha acabado de chegar de Glasgow onde está fazendo residência em um dos hospitais daqui?? "P$#& que pariu dooooido!!!"
Como danado eu fui achar esse cara aqui??? Calma que tem mais. O hospital é do outro lado da cidade mas ele mora aqui no centro como eu, logo ali. Sem condições. Dessa vez o azar teve piedade de mim e deixou eu viver alguns minutos como uma pessoa normal. Pra vocês terem idéia, ele mora/estuda em Roma, tava lá só pra rever a família. Bendita seja essa família.

PS: Ele me disse que queria participar de um dos encontros internacionais da minha univ. pra conhecer mais conterrâneos dele aqui em glasgow, e foi por isso que ele me ligou.

Saímos da estação, andamos uns 15 minutos, pegamos um ônibus (o ônibus lá não tem catraca, você entra por uma das 3 portas dele e basta achar uma cadeira que lhe apetreça - fica subentendido que você comprou o ticket em uma das máquinas espalhadas pela cidade - mais um dos exemplos de coisas que DARIAM CERTO NO BRASIL ;) ). Depois de muita conversa e "passear" pela cidade, me despedimos e desci do ônibus na praça onde eu encontraria o Fede. Sua última mensagem dizia Homem de Casaco Vermelho. Não foi muito difícil de achar, mas foi um baita choque kekekekeke. Tinha um cara no ponto de ônibus anterior ao que eu desci de casaco vermelho, esparramado no banco, com uma cerveja na mão, um cigarro na boca, barbudo, todo suado e despenteado. "Ram... só falta ser esse bicho viu...".
- Opa, você é o Diego?
"Será que ainda dá tempo de correr ou será que ele já me viu???"
- Você é o Fede?
- Isso mesmo. (pausa pra uma tragada felomenau). Vamos ali pra praça um pedaço...
- Bora. "Essa bolsa nem tá tão pesada assim ¬¬".

Mas até que foi uma boa procedência, pois deu uma amenizada considerável no medo que envolve o processo de receber e ser hóspede e um estranho kekeke. Passamos um tempão conversando nessa praça e finalmente fomos lá pra casa dele.

(clique para ampliar)
(fotos da praça - uma foto é a visão à 180 graus da outra)

Ele mora num prédio meio antigo, cuja porta do elevador se fechava rodando uma manivela (kekekekeke e eu não estou brincando). Ele vivia no apartamento que era do avô dele, e o resto da família vivia 4 andares acima, onde fomos jantar.
Massa d++++, a família dele parece mais encantada com viajantes que o próprio Fede. Me deram um monte de comida gostosa e eu pude experimentar um dos pães mais gostosos que eu comi na vida. O verdadeiro jantar de uma família italiana!! Bem melhor que ficar em albergues. O cardápio em si é diferente do nosso, mas é tão gostoso quanto.
Satisfeito, conversamos bastante noite adentro e enfim fui apresentado aos meus aposentos temporários. Desabei.

PS2: eu nunca vou me acostumar com banhos de chuveirinho... pq eles não pregam essa desgraça na parede?


E assim, 3 posts depois, termina apenas o PRIMEIRO dia do meu mochilão. Esse dia precisava ser detalhado porque muita coisa aconteceu, mas nos outros posts eu vou procurar contar histórias isoladas que foram acontecendo pelas cidades. Tem coisa d++++ ainda pra contar.


To be continued...



haaaaa, antes que a paulinha me bata, ninguém acertou a nacionalidade do novo flatmate. O nome dele é Daniel e ele é mais um Checo.

Ciao